
MENOS DA METADE DOS BRASILEIROS COM MAIS DE 25 ANOS COMPLETOU EDUCAÇÃO BÁSICA
Pesquisa realizada pelo IBGE traz dados sobre analfabetismo, nível de instrução e frequência escolar. A maioria das pessoas analfabetas no país é formada por mulheres pretas ou pardas com 60 anos ou mais
Fonte: por Paula Salas / Nova Escola / novaescola.org.br
Foto: Imagem Ilustrativa
Dos brasileiros com 25 anos ou mais, apenas 47,5% completaram a Educação Básica.
E, 6,9% deles, não tinha qualquer instrução.
O Nordeste é a região com maior deficiência em escolaridade, com 61,1% dos seus residentes sem ensino básico completo.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD de 2018, divulgados na quarta-feira, 19 de junho.
Entre os dados apresentados, referentes ao segundo semestre de 2018, o levantamento evidencia que a rede pública é responsável por 74,5% dos alunos na Educação Infantil; 82,3% do Ensino Fundamental; e 87% dos estudantes matriculados no Ensino Médio.
Para quem ficou curioso, no Ensino Superior, esse cenário muda e a rede privada detém a mais de 71% das matrículas.
A pesquisa mostra avanços na Educação, porém evidencia uma discrepância racial e entre as regiões do país. Veja os principais dados apresentados:
Analfabetismo
Entre 2017 e 2018, houve uma redução de 121 mil analfabetos.
Mas hoje, quem são os analfabetos no Brasil?
A Pnad aponta que a maioria das pessoas analfabetas no país é formada por mulheres pretas ou pardas com 60 anos ou mais.
Em 2018, quase 6 milhões de pessoas, com 60 anos ou mais, eram consideradas analfabetas, ou seja, 18,6% do grupo etário.
Este número representa uma diminuição nos índices de analfabetismo: em 2016, 20,4% do grupo eram analfabetos.
A menor taxa de analfabetismo (6,8%) registrada está entre jovens com 15 anos ou mais - dado que poderia apontar para avanços recentes no acesso à Educação.
Entre o grupo mais velho, a taxa de analfabetismo de pessoas pretas ou pardas é de 27,5%, enquanto de brancos é de 10,3%, isto é, uma diferença percentual de 17,2.
Entre os mais jovens, essa diferença cai para 5.9 pontos percentuais - 3,9% são brancos e 9,1 são pretos ou pardos.
Nível de Instrução
Devido às diferentes trajetórias escolares, a pesquisa investiga o nível educacional alcançado por cada pessoa com um recorte etário de 25 anos ou mais.
A PNAD revela que 52,5% desse grupo não completaram a Educação Básica, isto é, não chegaram ao final do Ensino Médio.
Destes, quase 60% eram pretos ou pardos.
Em 2018, 6,9% das pessoas, com 25 anos ou mais, não tiveram nenhuma instrução; 33,1% tem o Fundamental incompleto; 8,1% o Fundamental completo; 4,5% Ensino Médio incompleto; e 26,9% do Ensino Médio completo.
Estes dados mantêm uma taxa de crescimento nacional, mas ainda demonstram que a maioria da população não completou o Ensino Básico.
Neste grupo, um dado que salta aos olhos é a alta concentração de pessoas no Nordeste, que tem 61,1% dos seus residentes sem Ensino Básico completo.
Entre esse mesmo grupo, a pesquisa também investigou a média de anos de estudo.
A média nacional foi de 9,8 anos em 2018, sendo que, em 2016, foi de 8,9 anos.
Entre as regiões brasileiras, a melhor média é do Sudeste com 10 anos e a pior, o Nordeste com 7,9.
Frequência Escolar
Este dado avalia a proporção de alunos de determinada faixa etária em relação ao total de pessoas com aquele intervalo de idade.
De forma geral, essa taxa aumentou em todos os grupos e entre pessoas de 6 a 14 anos, 99,3% estão na escola, o que equivale a 25,8 milhões de alunos.
Entre 0 e 3 anos, 34,2% frequentam a creche.
Já entre 4 e 5 anos, quando começa a idade escolar obrigatória, a taxa pula para 92.4%.
Esse número começa a cair a partir do grupo de 15 e 17 anos, no qual 88,2% estão estudando; 18 a 24 anos, 32,4%; e com 25 anos ou mais, apenas 4,6% frequentam a escola.
Idade Escolar Ideal
Para compreender a distorção idade-série e evasão, a pesquisa calcula, a partir da frequência, a taxa ajustada de frequência escolar líquida.
Nos anos iniciais, entre alunos de 6 e 10 anos, 96,1% estavam na etapa ideal, enquanto, no Fundamental 2, esse número cai para 86,7%.
O atraso escolar aumenta expressivamente entre alunos de 15 a 17 anos, os quais 69,3% cursam o ano ideal para aquela idade ou já haviam concluído o Ensino Básico obrigatório, isto é, 30,7% estão atrasados.
Educação de Jovens e Adultos
Em 2018, mais de 1,6 milhão de pessoas frequentavam a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Destes, 831 mil cursam o Ensino Fundamental e 833 mil, o Ensino Médio.
Em ambas, a maioria dos alunos tem até 24 anos e são pretos ou pardos.
Os homens são maioria no Fundamental e as mulheres no Ensino Médio.
"Nem-Nem"
A expressão é utilizada para denominar as pessoas que nem estudam nem trabalham. Em 2018, entre as 47,3 milhões de pessoas entre 15 aos 29 anos, 23% pertenciam ao grupo dos nem-nem; 13,5% estudavam e trabalhavam; 28,6% apenas estudavam; e 34,9% apenas trabalhava.
Em relação à 2017, o cenário é muito semelhante.
Pesquisa
O levantamento trimestral investiga questões ligadas à Educação e, desde 2016, é realizada uma versão anual que amplia o questionário aplicado.
O levantamento traça um panorama educacional e passa por temas como analfabetismo, nível de instrução, frequência escolar, entre outros.
Com dados divididos em Brasil, grandes regiões e unidades federativas, realiza-se um cruzamento com recortes raciais, etários e de gênero.
O PNAD considera condição de estudo além da frequência à escola, mas também cursos pré-vestibular, ensino técnico ou qualificação profissional.
Fonte: por Paula Salas / Nova Escola / novaescola.org.br